IVLIA MODESTA e o passado romano de Oliveira de Hospital
Sacerdotisa e esposa de Caius Cantius Modestinus, Júlia Modesta foi uma figura importante nas civitates de Bobadela (Oliveira Do Hospital) e Igaedis (Idanha-a-Velha), conhecida pelo seu evergetismo (prática, comum na Roma Antiga, em que os ricos e poderosos ofereciam à comunidade bibliotecas, templos, banhos públicos e escolas, entre outros) ao custear obras públicas. Sabemos isto através de uma epígrafe que existia na igreja velha da Bobadela. A epígrafe está truncada e incompleta, talvez tenha sido destruída ou aproveitada para a construção da nova igreja.
Mas, da tradução do texto e interpretação do mesmo (e do que poderá faltar), depreende-se que Júlia Modesta refez as portas do fórum às suas expensas.
Essa inscrição recorda também a splendidissima civitas que se encontrava na Bobadela, mas cujo nome romano ainda desconhecemos, e prova a importância da cidade que dividia a importância com Viseu no contexto do vasto planalto da Beira central, delimitado pelas serras do Montemuro e do Caramulo. Relativamente a Júlia Modesta, Brás Garcia de Mascarenhas, no quarto canto do poema épico “Viriato Trágico” publicado no século XVII), dedicou estas palavras: “E uma principal Julia Modesta / As portas à sua custa reedifica / Permanece um letreiro antigo d’esta / Que muito claramente o testifica”.